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Secretárias estaduais compartilham suas histórias em evento do Dia Internacional da Mulher

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As gestoras apresentaram relatos pessoais e profissionais, além de observações sobre mudanças sociais e históricas - Foto: Gustavo Mansur/Secom

Na gestão do governo estadual com a maior participação de mulheres em cargos de secretária da história do Rio Grande do Sul, líderes das pastas compartilharam sua experiência na manhã desta quarta-feira (8/3), em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. O encontro, que contou com a presença do governador Eduardo Leite, marcou a primeira edição de 2023 do ciclo de debates “Esse papo me interessa”.

Das 27 secretarias, atualmente dez são chefiadas por mulheres. Durante o encontro, as gestoras apresentaram relatos pessoais e de experiências profissionais, além de observações sobre mudanças sociais e históricas.

Comandado pela titular da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão,  Danielle Calazans, o encontro reuniu suas colegas das secretarias da Fazenda, Pricilla Santana; de Obras Públicas, Izabel Matte; da Saúde, Arita Bergmann; da Cultura, Beatriz Araujo; de Comunicação, Tânia Moreira; e de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade, Lisiane Lemos, além das secretárias adjuntas da Casa Civil, Flávia Colossi Frey; de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Caroline Moreira, da Cultura, Gabriella Meindrad; da Saúde, Ana Costa; e de Obras Públicas, Zilá Breitembach.

Leite destacou a expressiva representatividade feminina no primeiro escalão. “O nosso governo tem a maior participação de mulheres no secretariado dentre todos os governos da história do Rio Grande do Sul. Elas são 37% da equipe, e suas pastas correspondem à metade do orçamento do Estado. Com muito orgulho, eu trago essas mulheres diversas, com diferentes perfis, que estão aqui no nosso governo”, ressaltou.

O governador reforçou a importância da pluralidade na administração pública. “Nós somos mais fortes porque somos diferentes. Vejo aqui mulheres mais jovens, de mais idade, negras, brancas, loiras, morenas, com culturas e crenças religiosas diferentes. A força do Rio Grande do Sul vem justamente dessa diversidade. O que desejamos para as mulheres é mais espaço. Uma compreensão de respeito e de igualdade poderá beneficiar a todos nós”, afirmou.

Realizado no auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), em Porto Alegre, o evento foi prestigiado por cerca de 200 servidores de forma presencial, além da audiência virtual, que pôde acompanhar a transmissão pelo canal da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão no YouTube.

Experiências e desafios

As secretárias expuseram suas histórias de vida e trajetórias até chegarem às funções que exercem hoje, no Executivo estadual. Um dos momentos mais marcantes foi a participação de Gabriella Meindrad, primeira mulher trans a ocupar o cargo de secretária adjunta no governo gaúcho. Carregada de emoção, a fala de Gabriella, que atua na Cultura, comoveu os presentes.

“Fiquei emocionada porque me sinto muito reconhecida. Numa sociedade em que nós ainda somos assassinadas, me sinto vitoriosa. Sou grata por estar aqui, por mostrar que nós podemos e por fazer parte dessa gestão que realmente preza pela diversidade e pelo respeito”, afirmou Gabriella, que, ao encerrar a sua fala, foi abraçada pelas demais gestoras e pelo governador.

Danielle Calazans comentou os desafios enfrentados pelas mulheres na administração pública, a conciliação com a vida familiar e também o pioneirismo em suas áreas de atividade. “Historicamente enfrentamos diversos desafios como mulheres nos ambientes de trabalho, os quais, felizmente, estamos conseguindo transformar cada vez mais. Como servidoras públicas, seja no Estado ou na União, essas mudanças impactam nas entregas realizadas à população”, salientou.

Dentre as convidadas, havia duas mulheres negras: Lisiane Lemos e Caroline Moreira. Lisiane abordou assuntos delicados como a violência contra a mulher. “Como uma sobrevivente de violência sexual, esse tema é muito importante para mim. Trazer abertamente todas essas minorias que me compõem, de ser uma secretária que é de religião de matriz africana e que é uma sobrevivente, mostra que estamos construindo o Estado em que a gente quer viver”, ressaltou.

Caroline relatou que mergulhou no protagonismo negro após ver o filho ser alvo de preconceito. “Nós estamos aqui sendo protagonistas, mas nós viemos de muita luta. Antes de ser secretária, criei um projeto chamado Negras Plurais e impactei mais de 100 mil mulheres no Brasil. E isso não é uma questão de exibicionismo, é uma questão de mostrar para outras mulheres negras, assim como eu, que existem possibilidades de existir e que não precisamos estar em determinados lugares para fazer acontecer”, reforçou.

Cercada por mulheres que exercem funções de liderança, Tânia Moreira exaltou a competência feminina. “Eu nunca as convidei porque são mulheres, mas pela sua competência. Alguns dizem que a nossa sensibilidade atrapalha a nossa competência. Na verdade, o que temos é inteligência emocional. Entre razão e emoção, há, sim, um equilíbrio. Essa sensibilidade, aliada à nossa competência, não é a nossa fragilidade, é a nossa fortaleza. E o que eu desejo para todas nós é respeito”, afirmou.

Pricilla Santana, primeira mulher a chefiar a Fazenda, contou sobre sua última experiência profissional, como subsecretária na Secretaria do Tesouro Nacional, em Brasília, e do sentimento ao assumir a pasta gaúcha. “No Tesouro Nacional, todos os outros subsecretários eram homens, então começamos a desenvolver dinâmicas para aumentar a presença feminina. Quando cheguei ao Rio Grande do Sul, o governador me disse que eu era a primeira mulher a assumir a Fazenda, mas certamente não serei a última. Conto com vocês para me suceder”, enfatizou, voltando-se à plateia, predominantemente feminina.

Izabel Matte também é a primeira mulher a comandar a Secretaria de Obras Públicas. “O que mais me alegra hoje é que, depois de 133 anos da existência da Secretaria de Obras, é a primeira vez que nós temos duas mulheres no comando: eu como secretária e Zilá como adjunta. Nós temos uma equipe técnica de homens e mulheres super capazes. Mais de 60% dos cargos de liderança estão ocupados por mulheres. E faço uma homenagem a todas nesse dia, por aceitarem esse desafio”, pontuou.

Aos 75 anos de idade, Arita Bergmann esbanja energia e força. “Que o direito não seja só uma cláusula da nossa Constituição, das nossas leis. Que a gente possa tornar, efetivamente, esse direito real, diário, cotidiano. Não estamos aqui para dizer que queremos disputar com os homens, que são valorosos também, mas a voz das mulheres tem que ter eco em qualquer espaço da sociedade. Espero que os nossos passos rumo ao futuro sejam de celebração e de conquistas”, observou, acrescentando que, na SES, 70% dos servidores são mulheres.

O evento contou ainda com a presença da palestrante Vanessa Marx, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), coordenadora do Grupo de Pesquisa Sociologia Urbana e Internacionalização das Cidades, do projeto de extensão Mulheres e Cidades e do Observatório das Metrópoles, que abordou o tema Mulheres e Cidades.

Participação feminina

Em dezembro de 2022, o governo do Estado contava com 119.436 servidores, sendo 73.231 (61,3%) mulheres. As mulheres respondiam por 3.220 cargos de chefia, ou 60,5% do total (na administração direta, o índice era de 64% e na indireta, 45%).

Texto: Juliana Dias/Secom e Vagner Benites/Ascom SPGG
Edição: Vitor Necchi/Secom